Duas aquarelas que fiz para serem aplicadas em cartões postais!
As paisagens utilizadas são vistas da cidade do Porto, mas os protagonistas da composição são os pássaros daqui.
A primeira coisa que me chamou a atenção quando cheguei no Porto foram as gaivotas e pavões que dividem o espaço cotidiano com o povo portuense – aves exóticas perto dos pombos da minha cidade natal, o Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro eu nem sei onde tem gaivota; os pavões (do zoológico) são poucos e parecem cansados da vida de cidade grande. No Porto, eles andam livremente: podemos chegar tão perto de um pavão que é capaz dele nos acertar com aquele rabo descomunal sem querer. Dessa forma, por mais que os habitantes locais do Porto achem que esses animais já tenham se misturado à paisagem, para mim eles saltam ao olhar, e são de uma beleza sem igual.
"Na minha cidade, tal como em Lisboa
há gaivotas e maresiamas não há cacilheiros no rio
há rabelos
transportando nectar e almas...
Da minha cidade nasce o Norte
alcantilado, insubmisso
e o sol, quando chega, penetra-a
delicadamente, carinhosamente,
depois de vencido o nevoeiro..."
"A minha cidade não se chama Lisboa,
não tem cheiro a sul
e nem por ela passa o Tejo,
mas como ela, tem Nascentes
leitosos e marmóreos...
Na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar
e só ela tem a luz do entardecer
a enfeitar o granito..."
Trechos retirados da poesia "A minha cidade", de Maria Mamede
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Para a escolha das paisagens, optei pelos dois lugares mais belos do porto, na minha opinião: a paisagem da Ribeira, a partir de Gaia e a vista do Douro a partir do Palácio de Cristal:
ps: as fotos fui eu que tirei! :) |
Para a estética do trabalho usei como referência o trabalho do aquarelista portuense António Cruz, vale o clique. Ele trazia em seus trabalhos a névoa característica da paisagem do Porto.