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27 novembro 2013

Os Amantes

Senhoras e senhores: minha primeira história em quadrinhos!



A história é baseada no conto "The Lovers" de Hans Christian Andersen, e diz respeito ao amor não correspondido entre uma bola e um peão. Adaptada e ilustrada (em quadrinhos!) por mim, nesta versão o palhaço de madeira é apaixonado por uma boneca de porcelana que, apesar de todos os galanteios, não dá uma chance para o boneco. 






As cores são dadas conforme as emoções do Palhaço, protagonista da trama. 























Alguns estudos:





Leia o a história completa aqui:


26 outubro 2013

Desenho de observação: animais

// zoológico do rio de janeiro

Fazer desenho de observação com animais não é simples: eles dificilmente ficam parados por muito tempo numa mesma posição, assim como podem fugir no momento seguinte e nunca mais aparecer novamente. Para a minha sorte, a maioria dos animais do zoológico não se esconde, e alguns até se exibem, orgulhosos (como o caso do tucano de bico negro abaixo). O grande problema, de fato, são as dezenas de pessoas berrando, tirando fotos, e agitando os bichos. 

E foi em meio a infinitas excursões de crianças indomáveis que me mantive firme, forte e confiante com meu sketchbook e lápis de cor. Fiz muitos estudos, todos com uma média de cinco minutos para cada esboço. O importante, ali, era registrar o gestual do animal -- os detalhes ficam para outro momento. Um bom desenho se sustenta nas suas proporções, bem como a expressão daquilo que é retratado. Nesse ponto entram o jeito de andar e a maneira de se postar, que são definidos pela personalidade de cada um. 

















 





23 junho 2013

Quadrinhos – uma primeira investida

Nos últimos meses dediquei um pouco do meu tempo à leitura de histórias em quadrinhos. Já conhecia alguns artistas, mas nunca me aprofundei nesse meio – minha praia sempre foi a dos livros ilustrados. Porém, principalmente depois de começar a ler quadrinhos franceses meu interesse com as hq's se intensificou e, com ele, a vontade de voltar a fazer quadrinhos, com o objetivo de aprender mais sobre a linguagem das hq's e sair da minha zona de conforto. Até agora esta iniciativa tem rendido bons frutos, e estou gostando dos resultados :)

Pude perceber que os quadrinhos possuem uma relação muito presente com o texto: onomatopéias, balões de fala, caixas de texto por todos os lados (com isto não quero dizer que os livros ilustrados não poderiam conter estes recursos, mas que em quadrinhos esta é a linguagem mais caraterística). Organizar estes elementos de forma fluida é um verdadeiro desafio, ainda mais para quem não está acostumado, e um ótimo exercício para sua capacidade de compor texto e imagem. 

Timing, harmonia cromática, quantidade de quadros, bem como o tamanho e proporção destes nas páginas – tudo deve ser pensado e trabalhado. Senti, também, que ter conhecimentos de desenho de figura humana, cor, composição, perspectiva e desenho de cenário são indispensáveis para obter bons resultados e deixar o quadrinho mais dinâmico. Por esses motivos, essa experiência fez minha admiração por quem faz hq's crescer.

Abaixo vocês podem conferir o primeiro exercício de composição que fiz, com o roteiro dado pelo professor. A técnica utilizada foi a aquarela:







Nas próximas postagens já trarei estudos e artes referentes a minha hq – aproveito para adiantar que se trata de um conto de Andersen adaptado por mim :}

19 maio 2013

Moulin Rouge

Em 2012 tive o prazer de participar do espetáculo de dança "Alcazar lírico" não só como bailarina, mas, também, como designer e ilustradora das peças gráficas, do programa e do cartaz. O enredo foi baseado na obra do cinema "Moulin Rouge", e adaptada para o contexto brasileiro. 

Famoso por seus cancans, o Moulin Rouge era uma casa parisiense de shows, palco para a luxúria e os fetiches dos homens. A agitação, a vivacidade e a provocação contidas no lugar foram eternizadas através da ousadia de Toulouse Lautrec, o virtuosismo de Boldini e a criatividade de tantos outros grandes pintores e cartazistas da época, que puderam captar esses momentos cada qual de uma forma diferente.

Busquei inspiração nesses artistas -- suas obras são o retrato perfeito do que era o Moulin Rouge, não só pela sensibilidade notável de cada um, mas porque eles frequentavam, respiravam aquele ambiente. Um dos pontos que tive ao meu favor foi fazer parte do elenco de uma história que se passa nesse lugar, então pude transportar a minha própria experiência em palco e na dança para os trabalhos — como esses artistas fizeram, ainda que de outra forma.

Transportar suas próprias vivências para um trabalho é inevitável, e é o que confere singularidade a cada leitura feita. Por exemplo: não há artista que consiga reproduzir a leveza das bailarinas como Degas, a ousadia da vida boêmia como Toulouse Lautrec ou a beleza de uma tempestade como Turner.

Em suma, tudo o que gostamos ou estamos acostumados fica gravado em nosso imaginário de tal forma que vamos recorrer a estas imagens (consciente ou inconscientemente) quando precisarmos produzir algo novo. Um bailarino conseguiria captar mais a essência da dança em uma imagem do que alguém que não aprecia esta arte, ou pouco conhece.


A festa em Paris, de Boldini








"O homem inglês no Moulin Rouge" de Toulouse Lautrec


Alcazar Lírico

O CARTAZ
// traço
Além de tentar remeter ao estilo dos cartazes da belle epoque, procurei acrescentar algo que remetesse às pinups, pois elas são ícones da sedução. Os figurinos foram baseados em peças utilizadas no próprio espetáculo Alcazar Lírico, que por sua vez foram baseados em figurinos da época de ouro dos cabarés cariocas.

// escolha da técnica 
Pude perceber que uma das técnicas mais utilizadas para fazer os cartazes era a da tinta gouache, então decidi explorá-la. Gosto muitíssimo de pintar com este material. 

// as cores
Escolhi o vermelho como cor principal. Por sua simbologia, o vermelho é comumente utilizado naquilo que remete à paixão ardente, desejo, intensidade e destaque. Não por acaso está presente no nome do próprio Moulin Rouge (Moinho vermelho, para os franceses); em luzes nas portas das casas de prostituição; no cinema, para as cenas críticas; e em tudo aquilo que simboliza o amor.


// lettering
Fiz todo o lettering manualmente, e me baseei em fontes do período ditado. Peguei tanto letreiros, quanto ilustrações e cartazes referentes ao Moulin Rouge.






AS ILUSTRAÇÕES INTERNAS
Para a parte interna, optei pelo desenho com lápis de cor preto. A reprodução em preto e branco não permitiria o mesmo trabalho que a ilustração da capa. Dadas as circunstancias, apenas o traço em lápis valorizaria o desenho. Esse estilo acabou por dar maior sustentação à enorme massa de texto do livreto; se fosse colorido, as diversas informações poderiam competir.







08 maio 2013

Sereifinho



Juntando desafio e nostalgia, resolvi dar vida novamente a uma personagem que criei em minha infância, utilizando a indomável aquarela. 

Sereifinho era a protagonista de uma revista em quadrinhos que eu fazia em conjunto com uma amiga, aos nove anos de idade. Dei como intenção principal do desenho a manchete da "sereia desaparecida" para fazer uma ponte com o fato de não ter sido feito mais nenhum exemplar da revista desde o início dos anos 2000. 

No que diz respeito à tecnica, a aquarela, procurei testar as variações de resultado como úmido sobre o seco e o úmido sobre úmido. A escolha deveu-se ao fato da aquarela conferir leveza, e por naturalmente deixar transparecer a presença da água, mais que qualquer outra técnica.




Esta ilustração foi fruto do tema "Oceano" proposto pelo blog Ilustra Bacana em Março de 2013. Vocês podem checar mais desenhos que eu fiz para lá através deste link :)


28 abril 2013

Contrapontos

De uns tempos para cá passei a encarar meus desenhos de modelo vivo não só como um estudo, mas como um treino de expressão. A representação fiel de um objeto é importante, mas saber dosá-la para transmitir uma mensagem é igualmente significativo, e o desafio de fazê-lo exige um maior pensamento acerca da imagem. Às vezes a imprecisão diz mais do que o refinamento.

Uso como exemplo meu último desenho de modelo vivo (Carvão sobre papel A1, finalizado em 4 sessões). Além do claro e escuro, procurei opor definição e abstração. A expressão dramática no rosto da modelo sustenta o desenho por si só, então dediquei um maior refinamento da forma para este ponto. Conforme descemos o olhar pela figura, ela esmaece, desaparecendo no caimento do tecido. Esse contraponto, bem como a oposição entre o escuro (face) e o claro (tecido) permite que apenas o rosto da modelo domine a atenção do observador, enquanto os outros elementos dão equilíbrio ao todo.




19 abril 2013

Sketchbook


>> Se tem um objeto que me acompanha desde que entrei na faculdade, ele é meu sketchbook. Esses cadernos são o espaço que uso para experimentar, fazer desenhos descompromissados e colocar ideias no papel. Quando estava nos meus primeiros, começava cada desenho com o intuito de fazer uma obra prima, mas, com o tempo, pude perceber que aquilo só prejudicava o resultado final: a cobrança acabava me limitando demais. Hoje uso meus cadernos para testar coisas novas, lidar com o imprevisto e perder o medo de errar. Além de resultados melhores no próprio sketchbook, ter perdido um pouco do medo ao aprender a lidar com os imprevistos me permitiu alcançar novos patamares em minhas ilustrações.

O sketchbook é um exercício e um desafio diário à minha criatividade: como aproveitar a mancha que atravessou o papel e contaminou os outros desenhos? E tornar bom um desenho que ficou esquisito? Como integrar tipografia e imagem de maneira agradável? A única regra que vale é a que eu dito. Não há porque criar limites em um dos únicos lugares que teremos tanta liberdade, e por isso o sketchbook está mais próximo de uma agenda, um diário, do que um portifólio — ainda que muitas ideias, quiçá artes finais, surjam dele.






// materiais
Costumo variar sempre o material, indo de caneta bic à nanquim aguado, mas meus preferidos têm sido os lápis de cor e os marcadores (canetinhas de escola, pilot de quadro branco e poscas), pela agilidade e acabamento que eles dão. Quase sempre trabalho em cores, para treinar o equilibro cromático deixar as páginas mais cheias de vida. O bom desses dois materiais, em específico, é que eu posso sobrepor várias camadas sem carregar muito o papel.






// harmonia x caos
Trabalho com ilustrações clássicas, mas meus sketchbooks contém muitas artes que são quase o contrário. Acredito que deve haver uma variedade de tratamento; há horas em que podemos arriscar mais, e em outras precisamos de uma paciência monástica. Ainda que minhas artes finais sejam precisas e refinadas, ao me permitir ser mais livre no sketchbook eu termino por aliviar a carga de espontaneidade e, além disso, aprendo a dosá-la para uso em ilustrações. O imperfeito, ao contrário do que muitos pensam, cativa mais por se aproximar do real. Balancear a harmonia e o caos é o que acaba nos aproximando mais daquilo que queremos expressar.