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19 maio 2013

Moulin Rouge

Em 2012 tive o prazer de participar do espetáculo de dança "Alcazar lírico" não só como bailarina, mas, também, como designer e ilustradora das peças gráficas, do programa e do cartaz. O enredo foi baseado na obra do cinema "Moulin Rouge", e adaptada para o contexto brasileiro. 

Famoso por seus cancans, o Moulin Rouge era uma casa parisiense de shows, palco para a luxúria e os fetiches dos homens. A agitação, a vivacidade e a provocação contidas no lugar foram eternizadas através da ousadia de Toulouse Lautrec, o virtuosismo de Boldini e a criatividade de tantos outros grandes pintores e cartazistas da época, que puderam captar esses momentos cada qual de uma forma diferente.

Busquei inspiração nesses artistas -- suas obras são o retrato perfeito do que era o Moulin Rouge, não só pela sensibilidade notável de cada um, mas porque eles frequentavam, respiravam aquele ambiente. Um dos pontos que tive ao meu favor foi fazer parte do elenco de uma história que se passa nesse lugar, então pude transportar a minha própria experiência em palco e na dança para os trabalhos — como esses artistas fizeram, ainda que de outra forma.

Transportar suas próprias vivências para um trabalho é inevitável, e é o que confere singularidade a cada leitura feita. Por exemplo: não há artista que consiga reproduzir a leveza das bailarinas como Degas, a ousadia da vida boêmia como Toulouse Lautrec ou a beleza de uma tempestade como Turner.

Em suma, tudo o que gostamos ou estamos acostumados fica gravado em nosso imaginário de tal forma que vamos recorrer a estas imagens (consciente ou inconscientemente) quando precisarmos produzir algo novo. Um bailarino conseguiria captar mais a essência da dança em uma imagem do que alguém que não aprecia esta arte, ou pouco conhece.


A festa em Paris, de Boldini








"O homem inglês no Moulin Rouge" de Toulouse Lautrec


Alcazar Lírico

O CARTAZ
// traço
Além de tentar remeter ao estilo dos cartazes da belle epoque, procurei acrescentar algo que remetesse às pinups, pois elas são ícones da sedução. Os figurinos foram baseados em peças utilizadas no próprio espetáculo Alcazar Lírico, que por sua vez foram baseados em figurinos da época de ouro dos cabarés cariocas.

// escolha da técnica 
Pude perceber que uma das técnicas mais utilizadas para fazer os cartazes era a da tinta gouache, então decidi explorá-la. Gosto muitíssimo de pintar com este material. 

// as cores
Escolhi o vermelho como cor principal. Por sua simbologia, o vermelho é comumente utilizado naquilo que remete à paixão ardente, desejo, intensidade e destaque. Não por acaso está presente no nome do próprio Moulin Rouge (Moinho vermelho, para os franceses); em luzes nas portas das casas de prostituição; no cinema, para as cenas críticas; e em tudo aquilo que simboliza o amor.


// lettering
Fiz todo o lettering manualmente, e me baseei em fontes do período ditado. Peguei tanto letreiros, quanto ilustrações e cartazes referentes ao Moulin Rouge.






AS ILUSTRAÇÕES INTERNAS
Para a parte interna, optei pelo desenho com lápis de cor preto. A reprodução em preto e branco não permitiria o mesmo trabalho que a ilustração da capa. Dadas as circunstancias, apenas o traço em lápis valorizaria o desenho. Esse estilo acabou por dar maior sustentação à enorme massa de texto do livreto; se fosse colorido, as diversas informações poderiam competir.







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